ÍNDICE DE LIÇÕES DE GREGO JÁ DISPONÍVEIS
Lição 1 – História da Língua Grega
Lição 2 – Alfabeto e Transliteração
Lição 3 – Verbos (introdução e tempo presente)
Lição 4 – Substantivos (introdução a declinações e casos)
Lição 5 – Artigos
Lição 6 – Adjetivos
Lição 7 – Preposições (εἰς, πρὸς e ἐν)
Lição 8 – O passado imperfeito
Em português
Na língua portuguesa, o passado (ou pretérito) pode ser expresso de três maneiras diferentes no indicativo:
- Pretérito Perfeito: expressa uma ação pontual ocorrida no passado e terminada – por isso é chamado de “perfeito”. Ex.: “Eu falei com ele ontem”.
- Pretérito Imperfeito: expressa uma ação que estava em andamento no passado mas que não foi terminada – por isso é chamado de “imperfeito”. Ex.: “Eu falava com ele”. Nesse exemplo, o agente da ação (eu) estava executando uma ação (falar), mas algo aconteceu que interrompeu a ação.
- Pretérito mais-que-perfeito: expressa uma ação que ocorreu antes de outra ação no passado. Ex.: “Isso aconteceu enquanto eu falara com ele ontem”.
Em grego
Nós simplesmente chamamos o tempo passado no grego de imperfeito. Há também o aoristo, mas isso será o assunto de uma próxima lição.
O imperfeito do indicativo ativo em grego koiné é um dos tempos verbais usados para descrever ações passadas que ocorreram de forma contínua, repetitiva ou habitual.
O imperfeito descreve ações que estavam ocorrendo de maneira contínua no passado. Ele fornece uma sensação de continuidade, como se você estivesse observando a ação acontecer ao longo do tempo.
Você poderá traduzir a maioria das frases pelo mesmo que o imperfeito no português. Veja dois exemplos:
- Eu dormia durante a viagem;
- Ela ia à escola todas as manhãs.
Formação do Imperfeito
Para formar o imperfeito, geralmente se toma a raiz do verbo, adiciona-se a desinência apropriada (geralmente ἔ) no início e aplica-se no final a conjugação adequada.
ἔ + raiz do verbo + conjugação
Veja o caso do verbo λύω (luo), “eu solto”. Para ficar no imperfeito, aplicando a regra aprendida acima, teremos “ἔλυον“, que significa literalmente “eu soltava”.
Pessoa | Singular | Plural |
---|---|---|
1ª Pessoa (eu) | ἔλυον (eluon) | ἐλύομεν (elúomen) |
2ª Pessoa (tu) | ἔλυες (elues) | ἐλύετε (elúete) |
3ª Pessoa (ele) | ἔλυεν (eluen) | ἔλυον (eluon) |
O aumento
O aumento, ou adição inicial à palavra (o nosso ἔ) é o indicador formal do tempo passado no indicativo. Vamos encontrá-lo não somente no imperfeito, mas também no aoristo e no mais-que-perfeito.
Quando o radical verbal inicia com uma vogal ou um ditongo, a adição (ou aumento) provocaria o encontro de duas vogais – e isso a fonética não gosta. Quando isso acontecer, vamos ter uma fusão. Essa fusão ocorre geralmente pelo alongamento da vogal inicial do verbo. A lista abaixo traz como esses casos são tratados:
- Caso padrão. Se inicia com uma consoante, simplesmente adicione no início do verbo um: ε
- Para verbos iniciando com uma vogal: alongue a vogal inicial
- ε + α se torna η
- ε + ε se torna η
- ε + ο se torna ω
- outras vogais não muda, continua ε + radical do verbo + conjugação
- Ditongos: a vogal inicial é alongada, assim como no caso acima, mas recebe adicionalmente um iota superscrito (ι)
- ε + αι se torna ῃ
- ε + ει se torna ῃ
- ε + οι se torna ῳ
καὶ δαιμόνια πολλὰ ἐξέβαλλον, καὶ ἤλειφον ἐλαίῳ πολλοὺς ἀρρώστους καὶ ἐθεράπευον.
E demônios muitos eles lançavam fora, e ungiam com óleo muitos doentes e curavam [eles].
– Marcos 6:13
Eu era – O imperfeito de εἰμί
Pessoa | Singular | Plural |
---|---|---|
1ª Pessoa (eu) | ἤμην (ēmēn) | ἦμεν (ēmen) |
2ª Pessoa (tu) | ἦς (ēs) | ἦτε (ēte) |
3ª Pessoa (ele) | ἦν (ēn) | ἦσαν (ēsan) |
Referências Bibliográficas
- Gramática Fundamentos do Grego Bíblico, de William D. Mounce. Edição de Julho de 2009.
- Gramática Noções do Grego Bíblico, de Rega e Bergmann. 1a Edição, 2004.
- Noções do Grego Bíblico – Gramática Fundamental , de Rega e Bergmann. 3a Edição, 2014.
- Initiation au Greg du Nouveau Testament, de Pierre Létourneau. Editora Médiaspaul. Edição de 2010.
Excelente definição em todas as explicações… Gostei do termo alternativo para o “aumento” ADIÇÃO.
Continue com tais contribuições…
Muito obrigado pelo comentário Anderson! Assim que sobrar um tempinho entre a família, trabalho e a universidade, pretendo fazer mais artigos sobre o Grego Koiné. Forte abraço.